Mais um dia internacional da Mulher! E dai?



Todo dia é dia de analisar a situação da mulher na sociedade, ver a evolução, os retrocessos e buscar mudanças. Ocorre que o dia oito de março é aquela data, internacionalmente reconhecida, em que todos, em geral, estão voltados, de fato, para a causa feminina.

Quando eu era criança, na minha cabeça, não fazia diferença entre ser menino ou menina; éramos todos crianças com muita energia pra correr e vontade de descobrir o mundo. Acontece que, conforme eu crescia, comecei a perceber que os meus pais exigiam posturas diferentes de mim e de minhas irmãs em relação ao meu irmão. Enquanto ele podia sair e brincar à vontade, nós éramos mais protegidas e deveríamos aprender a cozinhar e a cuidar da casa. Além disso nas ruas eu  ouvia frases como "sexo frágil",  "mulher deve se dar o respeito"  ou "mulher gosta de apanhar". 
E assim, foi nesse contexto, que eu descobri a desigualdade de gênero, e, aos poucos, isso começou a me incomodar; eu não queria ser vista sob aquela ótica e não era justo que pessoas decidissem coisas que só cabiam às mulheres. Tempos mais tarde, eu conheci o feminismo e me encantei. Desejei conhecer mais sobre as lutas das mulheres e comecei a ler e a pesquisar sobre o tema.
É pesaroso dizer isso, mas por muito tempo a mulher não foi vista como sujeito de direito e sua atuação era restrita ao âmbito doméstico, tendo a incumbência de cuidar da casa e dos filhos. A maternidade era uma espécie de regra obrigatória, da mesma forma que o casamento. Em contrapartida, o homem, todo-poderoso dominava o espaço público e tinha a liberdade de escolher como e onde atuar.
Diante de tamanha injustiça e desigualdade, muitas mulheres se revoltaram contra essa situação. Na década de 60, movimentos feministas ganharam força e passaram a questionar os papéis femininos na sociedade, exigindo mais direitos e participação. Por consequência, com a evolução social e muita luta, aos poucos as vozes das mulheres foram ouvidas e algumas de suas reivindicações atendidas.
Hoje mulheres votam, estudam e tem maior liberdade para decidir acerca de questões relacionadas a si mesmas. Entretanto, não podemos negar, que estamos muito distante da tão sonhada igualdade. Mulheres ainda recebem menos, mesmo trabalhando a mesma quantidade que os homens, são constantemente vítimas de agressão, assédio e estupro, além de serem a minoria na política. 
Em um pais que se diz alicerçado pela dignidade da pessoa humana, é vergonhoso ler que a cada dois minutos, aproximadamente cinco mulheres são vítimas da violência ou que um estupro ocorra a cada onze minutos. Todavia, infelizmente, mesmo diante de dados tão alarmantes, vemos poucas ações eficazes destinadas a coibir tais práticas.
Dessa forma, em mais um oito de março, relembro toda a luta  que foi necessária para que se chegasse ao ponto em que estamos e comemoro as vitórias. Por outro lado, penso em tudo que ainda queremos para que possamos viver num mundo melhor. Assim, desejo que em todos os dias do ano, estejamos livres da violência e dos discursos de ódio proferidos por nossos pares; que o empoderamento floresça em cada mulher e que ela seja capaz de se amar e, generosamente, amar outras mulheres ao seu redor; que os gritos das mulheres oprimidas ou mergulhadas em relacionamentos abusivos sejam ouvidos; que homens e mulheres tenham direito iguais, respeitando-se as suas desigualdades; que a liberdade possa ser a peça fundamental em nosso cotidiano; que as mulheres se sintam seguras para romper o silêncio e denunciar e que alcancemos uma época em que não seja necessário repetir, incansavelmente, que mulheres precisam ser respeitadas.

Feliz dia internacional das Mulheres!

*Foto tirada por Caio Ezequiel

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