Sexta do terror: Doce de um estranho

Como a maioria das blogueiras, eu também escrevo. Comecei com romance e escrevi um pouco de aventura e ficção fantástica, sempre postando os contos que eu escrevia nos blogs que tive ao longo do tempo. No entanto, a partir do último ano, passei a ter certo receio de postar as coisas que eu escrevia porque o gênero que eu passei a escrever não parecia combinar muito com blogs. E essa ideia permaneceu na minha mente até ontem, quando eu decidi que postaria sim as histórias que eu escrevo.
Os gêneros que eu escrevo são terror e thriller e tenho plena consciência de que não é comum se encontrar blogueiras que se aventurem nesses estilos, mas eu gosto, é o que eu escrevo e, por isso, nada mais justo que seja esse o gênero da maioria dos contos que vou escrever para o blog. Mas não se preocupe, não vou fazer nenhuma descrição e nem haverão mudanças no conteúdo, a única "coisa nova" vão ser contos como o de hoje postados às vezes em uma sexta-feira.



Foto: Pixabay

Doce de um estranho

Pedro e Lúcia costumavam ser um casal completamente apaixonado, mas desde que Lúcia descobrira que o marido a traía com a vizinha, as brigas começaram e tornaram a vida de Marina, filha deles, um inferno. Todos os dias eles brigavam, gritavam aos quatro ventos as palavras mais baixas que conheciam sem se importar com Marina que os ouvia no andar de cima. Normalmente ela ficaria ali, fingindo estar tudo bem, mas naquele dia ela não aguentou, precisava sair de casa antes que ela mesma entrasse na discussão dos pais.
Marina passou pelos pais como se não estivessem lá, pisando forte para que eles soubessem que ela estava lá. Distraída pela raiva que sentia, ela atravessou a rua sem prestar muita atenção e só viu o carro vindo em sua direção quando já estava no meio da rua. Por um instante Marina pensou que aquele fosse seu fim, no entanto, não era; o motorista conseguiu parar o carro a tempo. Ela correu para a calçada e olhou para o homem que dirigia pronta para dizer um dos belos palavrões que conhecia, mas ele já tinha colocado a cabeça para fora da janela e sorria para ela.
- Ei moça bonita, vai pra onde? - perguntou o homem
- Para o fim do mundo, se possível. - ela respondeu com a expressão fechada
- Posso te dar uma carona se você quiser, é só entrar no carro.
Por um instante ela cogitou a possibilidade de que, talvez, aquele homem fosse um estuprador ou sequestrador, mas talvez não fosse; ele tinha um sorriso simpático e era realmente bonito. Sua indecisão sumiu assim que viu o pai na janela olhando para ela, seu pai merecia vê-la partir com um desconhecido, assim como ela o vira partir com a amante várias vezes na madrugada. Ela deu a volta no carro e entrou, fechando a porta com uma batida.
- Ótima escolha. - disse o homem sorrindo para ela - A propósito, me chamo Lucas.
- Marina.
- Aceita um pirulito para adoçar a vida? - perguntou Lucas tirando o doce do porta-luvas
- Por que não? - ela respondeu aceitando a oferta - Vamos para onde?
- Ver o fim do mundo.
Logo que deixaram seu bairro para trás, a apreensão voltou a correr nas veias da garota, ela não conhecia nenhuma das ruas por onde estavam passando nem o homem que dirigia a seu lado. Seu coração só se acalmou quando ele parou o carro e eles estavam perto do píer, ficaram sentados lá por horas, até que o sol começasse a se pôr.
Depois de comerem em uma barraquinha da orla, foram juntos ao circo, onde Marina se viu rindo de Lucas sempre que ele ria, a risada dele era contagiante: quando ria, Lucas inclinava a cabeça para trás e batia no banco de tábua como se estivesse vendo o espetáculo mais engraçado do mundo. Quando a equilibrista fez uma manobra difícil, Lucas entrelaçou sua mão na dela e o toque não lhe era desconfortável.
Assim que o espetáculo acabou, eles foram juntos para o carro de Lucas, o dia tinha sido ótimo, mas era hora de ir para casa, seus pais deveriam estar loucos de preocupação e aquilo era suficiente como punição por tudo o que ela tinha que passar. Marina sorriu ao colocar o sinto e pensar que, talvez, ela e Lucas pudessem se encontrar outras vezes, ele a viu sorrir pelo canto do olho e também sorriu enquanto ligava o carro.
Algum tempo depois, na praia que ficava no centro da cidade, Marina seria encontrada com os pés sendo molhados pelas ondas e com o corpo parcialmente devorado pelos peixes. Ela não deveria ter aceitado doce de um estranho.

2 comentários :

  1. Oiee!
    Adorei saber que você escreve! Também sou escritora, mas de fantasia, como falou hehe :D
    Vou gostar muito de ver esses contos por aqui! Eu realmente curto histórias de terror e thriller como essa!
    Beeijo

    http://lecaferouge.blogspot.com.br/

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    1. Oi!
      Muito legal saber que você também escreve! Você escreve contos também ou foi direto para os livros?
      Bom saber que você gosta desse tipo de conto, me dá mais ânimo para escrevê-los <3

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